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domingo, 29 de dezembro de 2013

Carta de Adeus

 

Meu amado...
 
Vê como está distante o meu poema mais perfeito? Aqui nessas ruas eu vou me esquecendo, embriagando-me lentamente até que não reste mais nada a lamentar... Juro que tentei, mas meus erros me aprisionaram em lembranças destrutivas, em vazios de entardecer solitários. Por mais que eu tentasse me esquecer, algo sempre me arrasta para os mesmos becos da juventude, onde eu tirava a roupa para ter alguma história para contar... As lágrimas, me faltam... É uma tristeza feita de pedra, esperando o dia em que eu possa explodir e lançar o sangue das minhas feridas nos rostos cinzas da escuridão. Esses olhares que me espiam me machucam tanto... Nem voz tenho para gritar... E nenhuma oração me convence mais... De que adianta um Deus crucificado em altares? De que adianta as músicas que eu ouço nas rádios? De que adianta a cordialidade no sorriso dos transeuntes? Nada mais pode me consolar... O barco que espero para hastear a minha bandeira branca e partir, esse demora, perdido em outros mares. Mas tão logo o resto da esperança se esvaia dos meus pensamentos, fecharei meus olhos e repousarei entre as estrelas inacessíveis... Toda a mediocridade e toda a vaidade cairá por terra, aos pés dos que aguardavam na arquibancada o desfecho final. Não chore se eu guardar o seu coração no meu sonho mais bonito... Esse tempo é só um planetinha girando sem destino...
 
Sua amada imortal...

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